RESENHA: A MORTE E A MORTE DE QUINCAS BERRO D'ÁGUA

  Entre os botequins da Bahia viveu Quincas Berro D'água, homem de muitas mortes. Antes da vida boêmia a qual vivia, regada a noites sem fim, era Joaquim Soares da Cunha. Homem respeitado, pai de família, porém a morte de Joaquim é apenas a primeira, de muitas a seguir.
  Jorge Amado nos apresenta, talvez, a real face do brasileiro, que luta e trabalha, não para se auto satisfazer, mas sim, honrar com seu compromisso como provedor de renda, exemplo a seus filhos e respeitado pela sociedade. E é na obra A morte a morte de Quincas Berro D'água, que notamos essa vertente, pois, enfrentar a morte é um desafio e enfrenta-la três vezes é ainda maior.

   O apelo da leitura não esta em questões póstumas, mas sim, em criticas indiretas a instituição familiar, o senso comum e a visão da sociedade.
  Joaquim Soares da Cunha ou Quincas Berro D'água como queira chamar, morre aos poucos, e a cada morte um elo é rompido. A cada morte um pedaço de Joaquim/Quincas é estilhaçado.

   A obra de divide em três momentos, como mencionei no começo da resenha. Contudo, não comentarei sobre essas divisões. Pois, assim como nossa principal obra realista, As memórias póstumas de Brás Cubas, a história apresentada por Jorge Amado, também possui o apelo de passado, com esclarecimentos e possíveis arrependimentos. Entretanto, diferente de Machado, Jorge lança uma proposta modernista, com características e espaço totalmente brasileiros, além do bom humor.

O leitor repensara os motivos de valorizar tanto a questão do ''ter ao invés do ser''.
 “– Me enterro como entender / na hora que resolver. / Podem guardar seu caixão / pra melhor ocasião. /Não vou deixar me prender / em cova rasa no chão”.

 Terminará a leitura com um gostinho de Bahia (:

NOTA:  *  *  *

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