RESENHA: HOUSE OF CARDS - 1º TEMPORADA

   O deputado Francis Underwood chegou para alterar o cenário. House of cards, o seriado que tem Kevin Spacey como astro principal, é a primeira e certeira investida do Netflix. O conhecido provedor de acesso online a filmes e séries do mundo inteiro, fechou negócio milionário com a Media Rights Capital, para possuir exclusividade sob a série politica. Deixando para trás concorrentes como a HBO e AMC, oferecendo uma bagatela de aproximadamente US$ 100 milhões.
   Baseada em uma adaptação do romance britânico de Michael Dobbs, House of Cards adquiriu seu próprio valor, mesmo tratando-se de algo já explorado em minisséries anteriores, não perdeu seu mérito e credibilidade.
   A série produzida por Beau Willimon retrata a vida e o desenrolar do ambiente profissional de um deputado ambicioso. No cargo de líder do partido Democrata, Francis, almeja o posto de Secretário de Estado. Entretanto, os planos não saem como esperado e Underwood não alcança seu objetivo. Sentindo-se traido por alguns de seus companheiros, resolve chegar ao cargo atraves de suas proprias artimalhas. Eis que a historia começa.
   O protagonista nada ingenuo, aos poucos conquista novos aliados. Sendo a jornalista Zoe Barnes (Kate Mara) e Peter Russo (Corey Stoll) as grandes peças chaves da trama. Zoe é uma reporter com ansia de crescimento no jornal onde trabalha, se junta a Underwood para adquirir furos de primeira mão, mas o que inicialmente não sabia era que o deputado fornecia apenas informações que o beneficiasse indiretamente. E Russo tenta superar seus conflitos internos e familiares em consequencia de seu envolvimente com drogas e álcool. Em nitido momento de fragilidade, acaba enxergando em Francis uma possivel ajuda.
   Mesmo criando laços com novos personagens, Frank continua cultivando seus antigos companheiros. Claire Underwood (Robin Wright) sua esposa, possui as mesmas caracteristicas de ambição e poder. Apoia seu marido em várias ocasioes, deixando claro sua personalidade.
   O desenvolvimento dos personangens e seus problemas diarios ocorre dentro do Senado. Há cenas fora desse ambiente, mas o contexto todo se constroi  em virtude de assuntos politicos e economicos. Percebe-se desta forma, o real clima que perdura sob locais desse seguimento. Mesmo tratando-se de um drama internacional na Casa Branca, é possivel enxergar as semelhanças latentes no Congresso. O seriado, de mera ficção, retrata o perfil de diverços politicos, algo que apenas muda de idioma, mas os interesses finais são iguais. Dinheiro e Poder.
   Kevin Spacey interpreta Francis no melhor estilo sarcástico e ganancioso. Uma das características mais comentadas entre os espectadores é a conhecida técnica de “quebrar a quarta parede” no qual, o personagem abandona temporariamente seu posto de mero ator e interage com seu maior critico: o público. Essa ferramenta aproxima ambos, tornando o receptor parte da história.
   Parte dessa técnica influencia na imagem que o público interpreta de Underwood. O odiado deputado passa de vilão a “mocinho” a cada novo episodio, pois, ao estabelecer contato com o telespectador adquire empatia do mesmo, tornando-se um excelente anti-héroi.  Essa jogada de interpretação adotada pelos produtores da série funciona muito bem, até mesmo porque, um personagem tão diferente e ao mesmo tempo tão semelhante a tantos outros, merecia uma plateia de peso.

NOTA: * * * *

RESENHA: A SOMBRA DO VENTO

  Zafón e sua amada Barcelona, cenário de suas obras, apresenta a história de Daniel Sempere. Mas que a vida do personagem, conhecemos o fascinante Cemitério dos livros esquecidos, que também esta presente nos dois livros da serie, que são: O jogo do anjo e O prisioneiro do céu.
   Ao acordar na madrugada, Daniel sente-se desolado e aos prantos confessa a seu pai que não consegue mais recordar o rosto de sua mãe já morta. Para consola-lo, seu pai o leva ao Cemitério dos livros, um lugar escondido e secreto. Com a promessa de não contar a ninguém sobre aquele fantástico local, Daniel escolhe um livro esquecido e o leva para casa.
    Fascinado com a magia da historia do livro “A Sombra do Vento”, decide investigar sobre o autor e sua história. A cada nova pista, percebe que aquele pequeno mundo descrito nos trechos de seu livro preferido escondesse um mistério. Com a ajuda de seus amigos tentara desvendá-la.
    Contando, com o período conturbado da Guerra Civil Espanhola e a junção do Governo Militar, no qual a população respirava momentos de tensão, o autor, acrescentou nuances góticos e mistérios ao estilo de Edgar Allan Poe e leves pitadas de romance ao melhor modelo de Victor Hugo, em uma fria Europa do século XX.
    Logo no primeiro capitulo os amantes de literatura irão se identificar. Um livro que conta a estória de outros livros, só poderia render longas horas de leitura. Contando com vários personagens e linhas do tempo lineares, o leitor adquire um panorama quase que completo do enredo descrito por Zafón. Em sua grande maioria, apresentado em primeira pessoa, Daniel se descobre e amadurece junto com o público.
    A escrita do autor é daquelas que a cada linha, verso, adjetivo dá a impressão de ter sido meticulosamente escolhida. É poesia em prosa. A inteligência de Zafón é notável a cada construção de capitulo, com personagens instigantes e reais.
    Ao decorrer dos capítulos o apego aos interpretes dessa profunda caminhada literária, torna-se inevitável. O jogo de palavras introduzidas pelo autor é ambiciosa e certeira. O leitor aos poucos se desapega dos verbos e preposições, deixando de lado a arte da leitura. Assume o papel de telespectador, transformando as letras em espaços reais, enxergando personagens, ambientes e cenas. Adquirindo o prazer de uma leitura assistida.

“- Cada livro, cada volume que você vê, tem alma. A alma de quem o escreveu, e a alma dos que o leram, que viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro troca de mãos, cada vez que alguém passa os olhos pelas suas páginas, seu espirito cresce e a pessoa se fortalece (...). Quando uma biblioteca desaparece, quando uma livraria fecha as suas portas, nós, guardiões, garantimos que ele volte para cá. (...). Na verdade os livros não tem dono.”

NOTA: * * * * *