RESENHA: A SOMBRA DO VENTO

  Zafón e sua amada Barcelona, cenário de suas obras, apresenta a história de Daniel Sempere. Mas que a vida do personagem, conhecemos o fascinante Cemitério dos livros esquecidos, que também esta presente nos dois livros da serie, que são: O jogo do anjo e O prisioneiro do céu.
   Ao acordar na madrugada, Daniel sente-se desolado e aos prantos confessa a seu pai que não consegue mais recordar o rosto de sua mãe já morta. Para consola-lo, seu pai o leva ao Cemitério dos livros, um lugar escondido e secreto. Com a promessa de não contar a ninguém sobre aquele fantástico local, Daniel escolhe um livro esquecido e o leva para casa.
    Fascinado com a magia da historia do livro “A Sombra do Vento”, decide investigar sobre o autor e sua história. A cada nova pista, percebe que aquele pequeno mundo descrito nos trechos de seu livro preferido escondesse um mistério. Com a ajuda de seus amigos tentara desvendá-la.
    Contando, com o período conturbado da Guerra Civil Espanhola e a junção do Governo Militar, no qual a população respirava momentos de tensão, o autor, acrescentou nuances góticos e mistérios ao estilo de Edgar Allan Poe e leves pitadas de romance ao melhor modelo de Victor Hugo, em uma fria Europa do século XX.
    Logo no primeiro capitulo os amantes de literatura irão se identificar. Um livro que conta a estória de outros livros, só poderia render longas horas de leitura. Contando com vários personagens e linhas do tempo lineares, o leitor adquire um panorama quase que completo do enredo descrito por Zafón. Em sua grande maioria, apresentado em primeira pessoa, Daniel se descobre e amadurece junto com o público.
    A escrita do autor é daquelas que a cada linha, verso, adjetivo dá a impressão de ter sido meticulosamente escolhida. É poesia em prosa. A inteligência de Zafón é notável a cada construção de capitulo, com personagens instigantes e reais.
    Ao decorrer dos capítulos o apego aos interpretes dessa profunda caminhada literária, torna-se inevitável. O jogo de palavras introduzidas pelo autor é ambiciosa e certeira. O leitor aos poucos se desapega dos verbos e preposições, deixando de lado a arte da leitura. Assume o papel de telespectador, transformando as letras em espaços reais, enxergando personagens, ambientes e cenas. Adquirindo o prazer de uma leitura assistida.

“- Cada livro, cada volume que você vê, tem alma. A alma de quem o escreveu, e a alma dos que o leram, que viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro troca de mãos, cada vez que alguém passa os olhos pelas suas páginas, seu espirito cresce e a pessoa se fortalece (...). Quando uma biblioteca desaparece, quando uma livraria fecha as suas portas, nós, guardiões, garantimos que ele volte para cá. (...). Na verdade os livros não tem dono.”

NOTA: * * * * *

Nenhum comentário:

Postar um comentário